O guia Domus para Veneza

Dos edifícios de Andrea Palladio aos interiores de Carlo Scarpa, da “história urbana operante” que estudou a morfologia construída da cidade a todos os episódios insulares, de uma livraria a um aeroporto, o que é, hoje, que faz Veneza, Veneza ? A par do peso específico do património histórico, não se pode negar que Veneza também tem sido um “laboratório do futuro” nos últimos anos, que viu a contribuição de importantes figuras da cultura arquitectónica italiana e internacional, como as intervenções de Gino Valle, Vittorio Gregotti e Cino Zucchi na Giudecca, de Aldo Rossi no Teatro La Fenice, de Michele De Lucchi para o Nuova Manica Lunga da Fundação Cini, de Tadao Ando no Palazzo Grassi e Punta della Dogana, de Rem Koolhaas em o Fondaco dei Tedeschi e Santiago Calatrava para a Ponte della Costituzione, ou o trabalho recente de David Chipperfield na Procuratie na Piazza San Marco.

Um guia pelos lugares simbólicos de Veneza só pode, e sem dúvida, ser incompleto, pretensioso e provavelmente enganoso, em termos literais, pois certamente nos desencaminhará. Quantos desvios involuntários nos afastaram dos nossos destinos venezianos? E ainda assim, quantas descobertas ou revelações fortuitas? É por isso que, neste guia, muitas das arquiteturas que acabamos de mencionar não serão encontradas; é por isso que surgirão outros, canalizando o espírito quintessencial da cidade através dos séculos até ao presente; e é por isso que, no final deste passeio hiperparcial, a seleção não encontrará um lugar específico, mas uma característica difusa e onipresente dos campi, daqueles mesmos espaços que fazem Veneza, Veneza.